Gnose (II)

quinta-feira, 4 de junho de 2009

GNOSE II
Penso que seria válido falar um pouquinho sobre as origens da Magia Ocidental, até porque, se você dispuser de um referencial mais amplo, saberá quais conhecimentos gostaria de aprofundar melhor.
O neoplatonismo foi um movimento tardio do segundo século d. C., embora, criado dentro de uma mentalidade religiosa já arraigada, pois seus antecedentes, digamos, imediatos, foram o platonismo místico-religioso do neopitagorismo ( Sócion, Apolônio de Tiana, Nicômaco de Gerasa, Numênio de Apamea), além do neoplatonismo da escola judaico-platônica de Alexandria, representado por Filon.

Todavia, esta é uma página de "magia e bruxaria", naturalmente, sem qualquer pretensão a discorrer sobre "história da filosofia". Entretanto, acredito que um pouquinho de conhecimento sistemático não ocupa tanto lugar assim...E já que estou mesmo com a “mão na massa", aproveito para lembrar que, no cristianismo, também houve um movimento paralelo, bem manifestado na filosofia platônico-religiosa patrística, superando, em parte, o neopitagorismo, mas que acabou se desenvolvendo também como neoplatonismo.

De forma um tanto arbitrária (mas bem didática), existe o recurso de se enquadrar a evolução do neoplatonismo identificando suas três fases principais, que acabam correspondendo a três das escolas mais importantes, identificadas e nomeadas por seus principais núcleos:

1) Escola de Alexandria, representada por Amônio, Plotino, Amélio e Porfírio, com preocupação metafísica e ética.

2) Escola Siríaca, cujo expoente máximo foi Jâmblico, direcionado, principalmente, para a teologia politeísta.

3) Escola Ateniense, sistemática, cujos principais representantes foram: Proclo, Simplício Damáscio.
Em torno dessas três escolas principais e seus mestres, gravitaram, entretanto, outros grupos e nomes, igualmente classificados como neoplatônicos, os quais, embora menos expressivos, certamente também possuíram alguma relevância:
1) Escola de Pérgamo, à qual pertenceram os mestres de Juliano, o Apostata.

2) Escola de Alexandria de Asclépio, Olimpiodoro e Davi o Armênio.

3) Os neoplatônicos do ocidente latino, Macróbio e Boécio.
As informações sobre este tema são muitas vezes lacônica e confusas. Um dos poucos casos onde não ocorre solução de continuidade é no caso de Plotino e da Escola Neoplatônica de Alexandria, pois Porfírio, o Fenício, tratou de biografar cuidadosamente seu mestre e ainda se deu ao trabalho de ordenar-lhe as obras. Além disso, mencionou os outros nomes.
Na verdade, o neoplatonismo gerou uma linguagem filosófica adequada para o tratamento racional das doutrinas religiosas. Isso fez com que todas as religiões do período final do Império Romano pagão desenvolvessem rapidamente suas teologias (ou "corpos dogmáticos"), fato que influenciou, sobretudo, o cristianismo oficial.

O zelo pelas particularidades doutrinárias passou a ser tamanho, que os teólogos chegavam a convocar concílios, onde os assuntos teológicos, curiosamente, eram resolvidos por votação numérica...Passou-se assim ao estabelecimento de dogmas, cuja não aceitação tinha efeito excomunicatório, eliminado do grupo todos os discordantes, naturalmente, relacionados como hereges...Aliás, a igreja cristã, que também herdara desta fase neoplatônica-religiosa, a tendência para as definições teológicas, fez desse dogmatismo uma de suas características mais odiosas e brutais, fato que acabou resultando, durante sua escalada final rumo ao poder, na tortura e assassinato de milhões de pessoas acusadas de bruxaria e/ou heresia.

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